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Para quem torcia para a Operação
Lava-Jato ser a bala de prata a ferir de morte o governo recém reeleito, o tiro
está saindo pela culatra.
Dezenove poderosos diretores das
maiores construtoras do país foram presos. Embora com o estardalhaço de sempre,
como costuma ocorrer com as operações policiais no Brasil — e aí minha
preocupação com eventuais inocentes lançados na lambança —, tem-se as melhores
expectativas quanto ao seu sucesso.
Realmente, a despeito dos golpes
midiáticos ocorridos durante as eleições e acirrados nos dias que se lhe
antecederam — “vazamento” seletivo de suposto conteúdo que atingiria o governo
federal, pinçado de depoimentos produzidos em delação premiada a delegados da
Polícia Federal, os mesmos que às vésperas se prestavam a atacar agressivamente
a presidenta da república e o ex-presidente Lula em seus perfis nas redes
sociais (e há quem imagine estarmos numa ditadura ou caminhando para uma), até à
malfadada reporcagem levada a cabo por aquela revista semanal de
extrema-direita, que definitivamente enterrou o jornalismo político que já
realizou há um bom tanto de anos atrás —, não dá pra não ter esperança de que
se tenha inaugurado uma nova época no país.
Nesse ponto, não se pode ser tolo
para imaginar não haja envolvimento de gente do PT ou de aliados nas
maracutaias. Mas muito menos ser cínico para fingir que o muro de corrupção que
se ergueu dentro da maior e mais rentável empresa do país é resultado da obra e
graça desse partido, restrito aos últimos doze anos em que está no poder.
Os ladrões do erário sempre por
lá meteram suas garras sujas. A diferença é que antes suas cafajestadas não
vinham à tona. Para se ter uma idéia, as quatro maiores empreiteiras do país
nasceram sob os auspícios da ditadura militar (1964-1985), sobreviveram sem ser
incomodadas a todos os governos que se lhe seguiram, inclusive por aquele do
sociólogo cujos escândalos eram abafados por uma mídia vendida e por um
representante do ministério público que se tornou conhecido pela triste alcunha
de engavetador-geral da república. Das nove sob investigação — olha, só —, ao
menos seis delas financiaram a campanha para presidente do rapaz xodó da “elite branca” deste país, num valor
superior a R$ 20 milhões de reais.
Para o “salve-se quem puder”, a
delação premiada está aí. Não existe corrupto sem corruptor. E quem for podre, meu caro leitor, que se
quebre. Com o perdão pelo chavão. Não pela rima. Paupérrima, mas involuntária.
*Tb postada nos sítios Pragmatismo Político e PCdoB/AL