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Há um pensamento que os liberais gostam de usar para
desqualificar os comunistas que perseveram, a exemplo, entre nós, dos muito respeitados
e populares, como homens, arquiteto e escritor, respectivamente, há pouco
falecidos, Niemeyer e Jorge Amado. Cuida-se de pretenso axioma, até cinicamente
tolerante: quem não foi comunista até os vinte anos não tem coração; quem o é
depois dos trinta não tem juízo. À juventude, assim, seria permitido esse
arroubo irresponsável e utópico em que se traduziria o comunismo, desde que,
depois, a maturidade o trouxesse à realidade, portanto, ao liberalismo.
Danou-se! Por aí, estaria condenado a ser um desajuizado
irremediável. E embora assim não me considere, devo resignar-me, afinal dizem
que os loucos não se acreditam loucos... Donde o que eu pense de mim pouco
importa aos que, por esse norte, seriam mais ajuizados do que eu.
Já tive a oportunidade de dizer para vocês que gostam de ler
meus devaneios — meia dúzia de adoráveis
maluquinhas e malucos —, que sempre fui de esquerda, acho que desde quando
comecei a refletir sobre a vida e suas brutais injustiças e desigualdades
sociais no mundo e na sociedade escravocrata, preconceituosa e (metida a)
elitista da minha, entretanto, querida Maceió.
Mas para me dizer
algo comunista levou um tempo enorme... Tanto que somente vim a fazê-lo já
adulto, completados os tais trinta anos. É que não o fiz num arroubo de
juventude, no seu alvorecer gostoso que há muito se perdeu no caminho. Vim a
considerar-me, na verdade, depois de muito pensar e ler, compulsiva e quase sofregamente,
mas menos do que gostaria e ainda preciso. Quer dizer: sou um irremediável. É
que sempre levei muito a sério as afirmações a respeito de qualquer coisa, o que
dizer-se a respeito de mim mesmo. Mais ou menos como dizer “eu te amo”. Não se deve
dizê-lo sem a convicção do amor sentido.
Há quem diga que a
dicotomia esquerda e direita não existe mais. Mas não tenham dúvida: quem o diz
é de direita ─ como já disseram que o socialismo e o comunismo acabaram apenas
porque finda a então URSS (assunto para outra crônica, talvez). Não passa da mesma
conversa tola daqueles que ─ por ignorância ou, pior, como mais comum, por
desonestidade intelectual ─ dizem que os governos Lula e Dilma são socialistas.
Os governos Lula e Dilma não passam de pretensas e mal acabadas versões do
estado do bem-estar social europeu. Nada mais. Mas ainda o sejam, são os
melhores já experimentados por este país.
Donde urge sejam defendidos.
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